Heloisa Caixeta – com edição da Ascom da Fiocruz Brasília 

Uma imersão de dois dias para o desenvolvimento de um curso de especialização em governança e gestão de sistemas, organizações e políticas públicas na abordagem Saúde Única. Esta foi a proposta da Oficina de Diálogos pedagógicos para abordagem Saúde Única (One Health), realizada nos dias 7 e 8 de agosto, na Fiocruz Brasília. A proposta do encontro era promover um debate sobre a temática e desenvolver a ementa para um curso. A oficina foi realizada com pessoas convidadas, que já atuam na área da saúde e desenvolvem trabalhos na temática da saúde única.

A Saúde Única é uma abordagem que reconhece a conexão entre a saúde humana, animal e ambiental. É um avanço global multissetorial, transdisciplinar, transcultural, integrado e unificadora que visa equilibrar e otimizar de forma sustentável a saúde de pessoas, animais e ecossistemas.

A diretora da Fiocruz Brasília, Fabiana Damásio, ressaltou a importância do trabalho desenvolvido na oficina. “Este é um momento em que a gente reúne tantos atores, de diferentes instituições. São muitos parceiros, pois sabemos que o desafio é grande. Diante das mudanças climáticas presentes, precisamos cuidar do ambiente, para que ele seja sadio e sustentável a todas as pessoas e todos os animais. Este é um espaço de reflexão sobre que país e que sociedade, nós queremos construir para promover mais saúde para todos os indivíduos”, declarou. 

“Não podemos pensar a saúde única sem considerar a teoria da complexidade. Precisamos trabalhar a articulação, a intersetorialidade, interunidades, interorganizações, e juntar todo mundo para pensar e agir de forma cooperativa. Sabemos que saúde é vida. E por isso, as políticas públicas para a vida precisam considerar as agendas que temos hoje, que são agendas que trabalham com a ideia da complexidade”, avaliou Wagner Martins, coordenador do Colaboratório da Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da Fiocruz Brasília.

Ainda sobre o campo da saúde única, a vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira reforçou sobre o dilema mundial em que vivemos em relação à visão da segurança alimentar e nutricional. “Os sistemas alimentares dialogam em todos os aspectos, desde a relação com a natureza, em como esse alimento chega à boca da gente, e de que faz a parte do ponto de vista da contribuição biológica. Então, não há dúvida de que essa visão da saúde única é fundamental para o tema”, pontuou. Concorda com ela, o diretor-executivo de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clenio Pillon, reforçando que este tema não é novo para a Embrapa, mas a abordagem é. “Temos uma clareza muito grande de que esse nexo entre alimento, nutrição, e saúde é poderosíssimo. E ele está hoje no centro da geopolítica global. A geopolítica do alimento é uma coisa que baliza grande parte das discussões e também dos acordos mundiais”, avaliou.  

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Veras, ressaltou a importância do trabalho desenvolvido em parceria com a Fiocruz. “A parceria que a Contag tem com a Fiocruz é estratégica para o nosso projeto alternativo de desenvolvimento rural sustentável e solidário. É importante para nós, agricultores, poder produzir alimentos cada vez mais saudáveis e discutir a saúde única. Nesse ambiente, ela nos ajuda a compreender essa questão mais sistêmica desse processo da discussão de saúde. Nós, agricultores e agricultoras familiares, ainda tratamos a saúde muito como doença. E esse é um debate que temos de evoluir na sociedade e no governo. E os alimentos são muito importantes nesse processo, para que o nosso povo tenha saúde”, finalizou.

Participaram ainda do evento a secretária-executiva da Rede de Saúde Única do Rio Grande do Sul, Joyce Schramm; a diretora-adjunta do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB) da Fiocruz e coordenadora do Programa de Pesquisa Translacional em Saúde Única, Carla de Freitas Campos;  a consultora técnica do Ministério da Saúde, Ana Pérola Drulla Brandão; o assessor-técnico de Políticas Sociais da Contag, Antônio Lacerda Souto; a auditora-fiscal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mirela Janice; e o assessor em Saúde Pública da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carlos Arosquipa.

Durante os dois dias de trabalho, os participantes compartilharam experiências, discutiram desafios e propuseram abordagens inovadoras para o ensino da Saúde Única. A criação da ementa do curso foi um processo que contou com a colaboração de todos os envolvidos.

Confira a abertura da Oficina de Diálogos pedagógicos para abordagem Saúde Única (One Health).