Diante das mudanças climáticas, dos processos de globalização, dos fluxos migratórios internacionais, dos processos de urbanização, do aparecimento e propagação de sucessivas doenças emergentes e reemergentes em nível global, os estados e organismos internacionais enfrentam situações de saúde complexas, que exigem capacidade de resposta institucional, tecnológica, gerencial, formativa e de mobilização social cada vez maior. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou Emergência em Saúde Pública de Importância Internacional, em decorrência da dispersão do vírus Zika e de suas consequências com a transmissão autóctone em 24 países nas Américas. Esta epidemia tem potencial para se transformar em tragédia nos países em que as condições socioambientais e sanitárias são favoráveis à disseminação da doença e em regiões onde predominam situações de extrema desigualdade social e condições de vida precárias.
Para ampliar a discussão sobre esse tema, a Rede Internacional de Educação Técnicos de Saúde (RETS), juntamente com a Rede de Institutos Nacionais de Saúde da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (RINSP) está promovendo mais um de seus Seminários Virtuais. O evento ocorrerá no dia 12 de julho de 2018, às 9h30 (horário de Brasília), no Salão Internacional da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), com transmissão ao vivo pelo endereço: https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/epsjv-fiocruz.
No seminário, Alexandre Pessoa Dias e Rivaldo Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e Gabriel Eduardo Schütz , da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vão apresentar e debater os desafios do enfrentamento, em nível global, das arboviroses (Zika, Chikungunya, febre amarela dentre outras), o estado da arte no acompanhamento do quadro atual pelas autoridades sanitárias, no que se refere às respostas tecnológicas e gerenciais, bem como a necessidade da análise crítica das políticas públicas de saúde, tendo ainda como referências os modelos médico-assistencial e sanitarista-campanhista, bem como a centralidade do uso de produtos químicos para o controle de vetores.
Em contraponto, serão abordados os aspectos da determinação social da saúde para o enfrentamento dos processos endêmicos e epidêmicos nos contextos de vida e trabalho que tornam os ambientes e as populações vulneráveis, além de considerações sobre a necessidade de um modelo que não se restrinja a identificar causas ou fatores de risco de doenças, mas que necessariamente inclua o contexto socioambiental.
A vigilância em saúde, como espaço de reflexão e de atuação sistemática para intervir a partir da situação de saúde e das condições de vida das populações, necessita compreender a doença, a saúde e o cuidado como manifestações indissociáveis da existência humana, resultantes de processos histórico-culturais que ocorrem nos territórios.
Em termos das ações territorializadas, destaca-se a importância do trabalho de campo, de investigação, análise e proposição de ações integradas não restritas aos cuidados com o doente em si. O reconhecimento da cultura local e dos processos pedagógicos territorializados pode ir para além dos aspectos da transmissão da doença ou das medidas focais de contenção das epidemias.
No que se refere à educação profissional em saúde, alguns países passam por processos controversos a respeito das alternativas de formação técnica dos agentes de saúde e que necessitam estar em consonância com suas atribuições, como parte da estratégia de estruturação da vigilância em saúde. O desafio colocado diante da ampliação das arboviroses está nas iniciativas da formação que possam superar a atividade focada nas ações de combate às endemias, considerando, sobretudo, a necessidade de ações de promoção em saúde no enfrentamento das doenças emergentes e reemergentes.
Conheça nossos convidados
Alexandre Pessoa Dias (Moderador e palestrante): engenheiro civil, com ênfase em Engenharia Sanitária, especialista em Saneamento e Controle Ambiental, mestre em Engenharia Ambiental e doutor em Medicina Tropical, atual coordenador do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Lavsa/EPSJV).
Rivaldo Venâncio (Palestrante): médico, com mestrado, doutorado e pós-doutorado em Medicina Tropical e professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Desde de julho de 2017, é coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Presidência da Fiocruz. Também é membro dos Grupos Assessores Técnicos para Dengue e para Chikungunya da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS).
Gabriel Eduardo Schütz (Palestrante): professor adjunto da área Produção, Ambiente e Saúde do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Iesc/UFRJ). Formado em Bioquímica, tem mestrado e doutorado em Saúde Pública. Desenvolve pesquisas sobre processos de determinação societal de impactos ambientais com efeitos na saúde; metabolismo sócio-ecológico e ecologia política. É pesquisador colaborador do grupo Direitos Humanos e Saúde (DIHS) ENSP / Fiocruz e membro do Grupo de Trabalho em Saúde Ambiental da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).
Os seminários Virtuais
Os Seminários Virtuais foram planejados com o objetivo de ampliar o debate sobre temas identificados como prioritários para o campo da saúde, em especial para a formação e o trabalho em saúde, e o fortalecimento dos elos entre os membros das Redes de instituições em saúde, através do uso de novas tecnologias de informação e comunicação. O público-alvo são trabalhadores, gestores, pesquisadores e estudantes do campo da saúde.
Os temários são definidos em alinhamento e articulação com as pautas internacionais da Opas e OMS e das agendas estratégicas das Redes de instituições em saúde e dos organismos de articulação.
Essa experiência foi iniciada em 2015 no âmbito da RETS, com os temas ‘Perspectiva intercultural na formação de técnicos em saúde’ e ‘Vigilância em saúde e Atenção Primária: o território e as práticas locais’, e depois ampliada no terceiro seminário para uma promoção conjunta com RESP e com a RINS, debatendo a ‘Agenda 2030: os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Saúde’.
Os eventos são realizados de forma presencial, mas sempre com transmissão ao vivo pela Internet e possibilidade de participação via chat. Além disso, têm tradução simultânea para espanhol.
Antes de cada Seminário, são disponibilizados, no website das Redes, materiais de referência fornecidos ou indicados pelos palestrantes convidados. Após os Seminários os vídeos gerados durante a transmissão ficam disponíveis por meio do YouTube. Todos os documentos e vídeos disponíveis são de acesso livre