“Ser docente na Fiocruz Brasília é a realização de um grande sonho”

Fernando Pinto 22 de outubro de 2021


Recém-chegada à Fiocruz Brasília, a pesquisadora Aline Cavaca começou a escrever sua história na unidade com um grande desafio: a retomada das discussões do Grupo de Trabalho (GT) para a elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola de Governo Fiocruz – Brasília. Ela chegou à unidade em 2019 e logo recebeu a missão de coordenar o GT do PPP. Nesta entrevista do “Fala aê – 45 anos da Fiocruz Brasília”, ela conta sobre esse trabalho, além de outros desafios, como a adaptação para o ensino híbrido e a experiência de atuar em pesquisa e educação na Fiocruz Brasília.

 

https://youtu.be/CI0h0IBAmT4

 

Quando a sua trajetória profissional se cruzou com a da Fiocruz Brasília?

Ouvi falar pela primeira vez da Fiocruz Brasília por meio da nossa colega Mariella de Oliveira-Costa, da Assessoria de Comunicação (Ascom). Eu já tinha bastante contato com a Fiocruz do Rio de Janeiro, porque fiz meu doutorado na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp). A Mariella trabalhava na Fiocruz do Rio e, em certo momento, ela me contou que estava vindo para Brasília. Até então eu não conhecia a Fiocruz Brasília. Quando saiu o edital do concurso da Fiocruz em 2016, eu vi que tinha vaga para Brasília, daí prestei o concurso para cá. Passei e fui nomeada em 2019. Antes disso, em 2017, vim fazer um curso aqui na Fiocruz Brasília e foi quando tive meu primeiro contato com a estrutura da unidade.

 

Quais os seus primeiros desafios no campo da educação na Fiocruz Brasília?

Meu primeiro desafio foi construir o Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola de Governo Fiocruz – Brasília junto com a equipe. Luciana Sepúlveda, diretora da Escola, brincou comigo que seria meu “primeiro pedágio” na unidade: a reorganização do Grupo de Trabalho (GT) do PPP e a construção do documento em conjunto com a equipe. Sem sombra de dúvidas esse foi o meu maior desafio até agora.

 

Como foi sua experiência na coordenação do GT do PPP?

Foi uma experiência muito desafiadora porque eu nunca tinha trabalhado exatamente com Projeto Político Pedagógico de Escola de Governo. Quando eu era monitora, na minha graduação de odontologia, fui do colegiado do curso e representante discente. Na época, eles estavam reconstruindo o currículo e o PPP do curso de odontologia, e tive a oportunidade de acompanhar esse processo. Mas aqui na Fiocruz Brasília foi muito desafiador porque, além de agregar e coordenar a equipe, eu estava também conhecendo o funcionamento e a história da Escola de Governo, bem como o organograma da unidade. Foi um trabalho gratificante porque pude entrevistar os coordenadores de curso e os representantes das áreas educacionais. Assim, fui conhecendo as pessoas e a organização educacional da Fiocruz como um todo. Foi um grande presente para uma pessoa que estava ingressando na unidade.  

 

Qual a proposta do Jacarandá – Núcleo de Educação e Humanidades em Saúde da Fiocruz Brasília?

O Jacarandá é um grupo em permanente construção. Começamos nossas atividades em 2020, quando estruturamos o Núcleo a partir da junção do Programa de Educação, Cultura e Saúde (Pecs) e do Laboratório de Educação, Mediação Tecnológica e Transdisciplinaridade em Saúde (Lemtes). O desejo de fundir os grupos já existia. Eram duas instâncias que trabalhavam com educação, mas com objetos separados. Fomos discutindo as funções, repensando os formatos e concluímos que era muito mais potente fundir os grupos. A proposta do Jacarandá surge agregando as expertises de todos nós, com uma perspectiva de educação mais profissional e de educação de jovens, com foco em educação, cultura e saúde. O primeiro grande projeto do Jacarandá é uma pesquisa sobre formação docente na Fiocruz.

 

Quais os aprendizados após a experiência do ensino híbrido?

Acredito que o modelo híbrido agora é uma realidade. Particularmente, quero voltar para o contato em sala de aula, e ver a circulação dos alunos aqui na Escola, que fica tão linda cheia de alunos. Antes da pandemia, o número de residentes aumentou exponencialmente e a gente estava com uma quantidade grande de estudantes circulando e ocupando nossa Escola. Sinto muita falta disso. Acredito que a educação remota emergencial teve seus tropeços iniciais, porque o mundo estava aprendendo a lidar com essa transição do presencial para o EAD. Mas, com as oportunidades de agregar alunos do Brasil inteiro, flexibilizar horários e até se desafiar como docente, para utilizar novas  ferramentas e desenvolver novas metodologias, acredito que a modalidade híbrida é muito rica e potente na educação, principalmente na educação de adultos. Acredito que seja um caminho sem volta e vai viabilizar mais acesso das pessoas, no Brasil e em outros países, aos cursos da Fiocruz Brasília.  

 

Como é integrar o corpo docente da Fiocruz Brasília?

Não teria outras palavras para dizer a não ser que foi a realização de um grande sonho, porque aqui na Fiocruz Brasília, além da docência, temos um protagonismo muito grande na pesquisa. Por estarmos na capital federal, temos acesso a discussões de políticas públicas de saúde muito ricas, com alunos que trabalham no campo, no Ministério da Saúde e nas Secretarias de Saúde. Considero um espaço privilegiado. Ser docente aqui é diferente, é uma experiência única e muito desafiadora. Fico muito feliz por estar, de alguma forma, contribuindo para a formação dos quadros de trabalhadores do SUS.  

 

Quais as suas inspirações para o futuro na Fiocruz Brasília?

Minha inspiração patronal no Brasil, sem dúvidas, é o educador Paulo Freire, porque ele personifica muito os eixos da criatividade, amorosidade e solidariedade na educação. Esses três eixos norteiam o nosso trabalho aqui na unidade, onde também tenho colegas muito inspiradores, como a professora Tatiana Novais, que nos motivam, como coletivo, a continuar enfrentando os desafios do ensino e da pesquisa para o fortalecimento do SUS com poesia.