SNCT 2022: ciência dentro e fora das salas de aula

Nathállia Gameiro 3 de novembro de 2022


A animação tomou conta dos jardins e salas da Fiocruz Brasília nos dias 17 a 21 de outubro. A instituição recebeu visita de mais de 600 estudantes de escolas públicas de diferentes regiões do Distrito Federal para participar da 19ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), evento de divulgação científica realizado anualmente em instituições públicas e privadas de todo o Brasil, sob coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Este ano, a SNCT teve como tema o Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil, marcando o retorno das atividades presenciais, depois de dois anos online, devido à pandemia de Covid-19.

 

A SNCT busca mobilizar a população brasileira, em especial os jovens, para iniciativas científicas com atividades gratuitas e abertas à comunidade. Na Fiocruz Brasília não foi diferente. A ciência ultrapassou as salas de aula. Durante cinco dias, a unidade da Fiocruz no Distrito Federal recebeu alunos e alunas da Escola Classe 15 de Taguatinga; do Centro de Ensino Fundamental 34 de Ceilândia; do Centro de Ensino Fundamental 3 da Estrutural; da Escola Classe de Rajadinha (Planaltina); do Centro Educacional Incra 9; do Centro de Ensino Lago Norte; do Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria e de um abrigo de Brazlândia. Eles foram recepcionados por residentes da Fiocruz Brasília com brincadeiras e dinâmicas relacionadas ao movimento corporal e à promoção da saúde, compreendida em seu sentido ampliado, e pelo mímico Abder Paz, que combinou ciência e arte para abordar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.  

 

Os visitantes também tiveram a oportunidade de receber orientações e dicas para cultivar uma horta caseira com Juarez Martins, egresso de um Curso de Especialização da Fiocruz Brasília. Durante a oficina, eles confeccionaram vasinhos de papel reciclado para levar para casa mudas de gêneros alimentícios e plantas medicinais. A história de um dos mais renomados cientistas brasileiros e patrono da Fiocruz, Oswaldo Cruz, que completaria 150 anos em 2022, foi outro destaque, mas desta vez narrada com um cenário diferente: um avental. Dos bolsos saíam personagens como o próprio sanitarista, ratos, trem, cavalo, barco e até um castelo, contando a chegada do cientista à antiga Fazenda Manguinhos de forma lúdica, ilustrada e com riqueza de detalhes.

 

Crianças e adolescentes de 5 a 17 anos puderam conhecer de perto a trajetória de pesquisadores da instituição que, diariamente, ajudam a construir a ciência brasileira. Dezenas de profissionais dialogaram com os visitantes e contaram suas experiências pessoais e profissionais, surpreendendo os participantes e aproximando a figura do cientista dos jovens.

 

Outra atividade que buscou descontruir estereótipos do mundo científico foi a Ciência que se vê. A partir de um mural de fotos, os participantes escolheram a imagem que, na sua opinião, melhor ilustrava o que é ciência e contaram suas impressões para uma câmera de vídeo.

 

“Nós queríamos falar sobre ciência para os nossos visitantes, mas igualmente queríamos ouvi-los. Porque entendemos que a ciência é feita de escuta, de troca de saberes e de afeto. Por isso, construímos cada atividade com muita atenção aos conteúdos e à linguagem, e escancaramos nossas portas para receber os estudantes com zelo e carinho, para que, de fato, eles se sentissem em casa. E saíssem daqui sabendo que, sempre que são curiosos, que não aceitam verdades prontas, que questionam e estudam, eles estão contribuindo para o progresso da ciência no nosso país”, disse a jornalista Fernanda Marques, da Comissão de Divulgação Científica da Fiocruz Brasília.

 

Os detalhes chamaram atenção do público infantil também na atividade Narrativas do comer, em que uma mesa recheada de alimentos de brinquedo, que mais pareciam de verdade, foi disposta para que os participantes montassem pratos de café da manhã, almoço, lanche e jantar, para abordar a relação entre o comer e a cultura e hábitos de alimentação saudáveis.

 

Para muitos estudantes, o primeiro contato com microscópio e outros equipamentos científicos foi durante o evento. Eles puderam conhecer de perto como é realizada a pesquisa na área do diagnóstico precoce do HPV, o papilomavírus humano, causador de uma infecção sexualmente transmitida que pode provocar desde uma verruga até o câncer de colo de útero (o quarto tipo de câncer que mais mata as mulheres). Os alunos realizaram uma visita guiada a um laboratório da Fiocruz Brasília localizado nas dependências do Hospital Universitário de Brasília (HUB). A experiência foi aprovada pelos alunos, que saíram do laboratório encantados.

 

Os jovens testaram o conhecimento em duas competições, o tradicional Passa ou Repassa e o Fato ou Fake?, jogo de tabuleiro inovador, criado pela Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, em que os participantes eram as peças e, à medida que iam avançando casas, descobriam como identificar notícias falsas e não cair em suas armadilhas.

 

“Foi um espaço de renovação da energia do nosso trabalho ver tantas crianças circulando pelo nosso prédio, felizes em conhecer o nosso cotidiano de trabalho. Foi muito gratificante participar”, afirmou a pesquisadora, professora e jornalista Mariella Oliveira-Costa. Ela destacou ainda a dedicação dos colaboradores da instituição em separar um tempo da semana para participar das atividades e falar com os jovens, apesar das diversas tarefas que executam diariamente. As atividades foram conduzidas por trabalhadores da instituição e contaram com a participação de residentes da unidade.

 

Susana Belich, assessora da direção da Fiocruz Brasília, participou das atividades da SNCT pela primeira vez e definiu a experiência como “singular”, ao perceber que Ciência, Saúde e Educação se tornaram mais acessíveis às crianças e adolescentes do Distrito Federal. “De fato, estar de portas abertas à comunidade só reforça o comprometimento de nossa instituição, de forma intencional e solidária, em promover a redução das desigualdades sociais”, afirmou. 

 

A SNCT 2022 na Fiocruz Brasília contou com o apoio do CNPq e da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz.

 

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