A primeira turma da nova especialização da Escola de Governo Fiocruz-Brasília foi inaugurada na última segunda-feira (8/8). O curso de Transformação Digital na Saúde é fruto de parceria entre o Colaboratório de Ciência, Tecnologia, Inovação e Sociedade da Fiocruz Brasília com o Centro de Integração de Dados e Conhecimento para a Saúde (Cidacs) da Fiocruz Bahia. A capacitação tem como público-alvo trabalhadores da saúde e de outras áreas com atuação correlata às Políticas Públicas de Saúde. O curso tem duração de 484 horas e previsão de término em setembro de 2023.

Para o coordenador do Colaboratório Wagner Martins, o objetivo do novo curso é formar pessoas para o processo de transformação digital na saúde e avançar no debate da temática com especialistas, gestores públicos, profissionais e usuários dos sistemas de saúde. “Precisamos alcançar a transformação digital para além das fronteiras do Distrito Federal”, destacou Martins ao falar da importância de promover essas trocas de conhecimentos com os diversos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS). “É preciso avançar no debate das tecnologias digitais para a melhoria e acesso à saúde de todos os brasileiros”, enfatizou.

Segundo ele, o curso visa aprofundar conhecimentos técnico-científicos e estimular habilidades para pesquisa e desenvolvimento de processos, produtos e metodologias, além de elaborar projetos educativos orientados aos profissionais de saúde sobre as tecnologias e os preceitos bioéticos que envolvem todas as abordagens da Saúde Digital. O coordenador destacou ainda, que as disciplinas abordarão fundamentos e referências do SUS; governança e gestão; ética e bioética; controle social; e saúde como um complexo econômico, industrial, político e social. Ao final, os estudantes deverão produzir um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com soluções para um problema real e que possa ser aplicado nos equipamentos do SUS dentro do território do aluno.

Uso de dados, transformação digital e as ciências da saúde

Para o início dos trabalhos da especialização, o pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do Cidacs, Maurício Barreto, foi o convidado para ministrar a primeira aula do curso. Barreto é médico, mestre em saúde comunitária e doutor em epidemiologia e atualmente investiga o papel das políticas de proteção social na saúde utilizando uma base de dados de 100 milhões de brasileiros.

O pesquisador refletiu sobre os velhos e novos desafios que a humanidade enfrenta na área da saúde, como as doenças multifatoriais complexas, o envelhecimento, as desigualdades sociais, as mudanças climáticas, as novas epidemias, dentre outros. De acordo com ele, esses desafios estão postos  e será com o avanço das tecnologias digitais no campo da saúde que a nova geração vai solucionar esses desafios.

Barreto destacou que o curso é um chamamento no campo da tecnologia e que atinge o da saúde. Segundo ele, o grande desafio do curso é pensar como desenvolver e incorporar as transformações digitais no sentido de acelerar o desenvolvimento do SUS e contribuir de forma positiva para a saúde da população. “Estamos iniciando o processo da transformação digital no campo saúde. É preciso refletir criticamente essas tecnologias para o setor, aproveitando as diversas tecnologias da informação para o monitoramento da saúde da população”, apontou.

Transformação digital na saúde

O SUS precisa da transformação digital em seus equipamentos. Essa afirmação foi consenso entre todos da mesa de abertura. A diretora da EGF-Brasília, Luciana Sepúlveda, afirmou que o novo curso vai ajudar na formulação de respostas para os desafios tecnológicos no setor e no desenvolvimento de projetos que promovam novas ferramentas e políticas públicas para o fortalecimento na saúde. “Que a gente siga propondo novas ferramentas tecnológicas e de inovação para transformar as respostas dadas no SUS”, enfatizou.

O chefe de gestão estratégica e projetos da Secretaria da Saúde do Distrito Federal (SES/DF), Gabriel Pimentel, afirmou que hoje a implementação da transformação digital  é uma necessidade. “É preciso colocar a saúde do DF de uma vez no século 21”, reforçou. O diretor de gestão de informações estratégicas da SES/DF, Thiago Flores concordou, destacando que o curso atende às necessidades tecnológicas da pasta.  

O evento contou também com a participação do vice-coordenador do Departamento de Saúde Coletiva da UnB, Mauro Sanchez; do subsecretário de Fomento à Inovação do DF, Anderson Freire; do representante da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP/DF), Gilmar Marques e de parte do corpo docente do curso.

Dentre os egressos desta primeira turma da especialização, até 10 poderão ser selecionados para integrar uma futura turma especial do Mestrado Profissional em Políticas Públicas em Saúde da Fiocruz Brasília. O novo curso se insere no âmbito da Plataforma de Inteligência Cooperativa com a Atenção Primária à Saúde (Picaps), cujo plano de trabalho é articulado em colaboração com a Universidade de Brasília (UnB) e conta com o apoio da FAP/DF.

Confira as fotos tiradas pelo fotógrafo da Ascom Sergio Velho Junior.

A aula inaugural do curso foi realizada no auditório externo da Fiocruz Brasília e transmitida ao vivo pelo nosso canal do YouTube.