Seu avô materno era primo de Deodoro da Fonseca. Uma tia paterna era casada com Carlos Chagas. E ele também escreveria seu nome na história. Criador da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB). Pioneiro no uso sistemático de computadores em educação, notadamente na educação médica. E, atualmente, importante pensador da inteligência artificial aplicada à saúde. Ou seja: alguém que fez e faz história. Estamos falando do médico e professor Luiz Carlos Lobo, consultor sênior da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) e da Fiocruz Brasília, que no dia 23 de abril, às 9h30, lança sua biografia “Uma Mente Irrequieta”, pela editora Primeira Leitura.
O título do livro não poderia ser mais apropriado. “Recentemente, enviei dois trabalhos para publicação – O ChatGPT e a Medicina e Saúde 4.0, saúde digital e inteligência artificial digital”, conta o autor, de 90 anos. Em sua biografia, Lobo conta que essa inquietude e a sede de conhecimento o acompanham desde a infância. “Falava muito e, considerado indisciplinado, era expulso da sala. Como isso era frequente, fui chamado para conversar com o coordenador docente do colégio, que perguntou por que eu era tão agitado nas aulas. Respondi que achava muito chato ficar em sala quando o professor ficava repetindo uma matéria que eu já sabia”, lembra. Após essa conversa, Lobo foi autorizado a pedir para sair de sala e ficar na biblioteca do colégio. Foi assim que, por volta dos 11 anos, leu obras de Flaubert, Balzac, Machado de Assis e Eça de Queiroz.
O primeiro capítulo é dedicado ao período da infância à formação médica. Ao todo, Lobo brinda o leitor com dez capítulos que percorrem episódios marcantes de uma intensa trajetória pessoal e profissional. Com generosidade, o autor compartilha com o público os diversos desafios que enfrentou em sua carreira – incluindo até aqueles que não foram assim tão exitosos. “A minha experiência empresarial não foi bem-sucedida e não correspondeu a uma empreitada feliz. Aventurei-me em uma seara diferente da minha formação profissional e não me dei bem”, revela.
Em muitas outras searas, porém, Lobo deixou valiosos legados, como na Faculdade de Medicina da UnB. O modelo por ele implementado era reconhecido à época por estar formando profissionais médicos diferenciados e mais bem preparados. “A Faculdade de Medicina despertou, desde o começo, um grande interesse da OMS pelas inovações curriculares que estavam sendo propostas”, escreve o autor no capítulo 4, que antecede o texto sobre a criação do Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes/UFRJ) e Centro Latino-Americano de Tecnologia para a Saúde (Clates/Opas).
Paralelamente a essas experiências, Lobo relata sua atuação como consultor da OMS, incluindo as missões de que participou em países como Egito, Camarões e Marrocos. E, como não poderia faltar, o autor relembra acontecimentos que marcaram as origens do SUS, até chegar aos tempos recentes, comentando sua atuação junto à UNA-SUS. Após narrar sua vigorosa jornada, Lobo encerra seu livro em águas tranquilas, com o capítulo “Velejando”, que reúne histórias com a família e amigos em passeios de barco.
Com a idade avançada, conserva a paixão pelo mar – e pelos estudos! “Devo confessar que estudar inteligência artificial – e a criação do homem – fez reforçar a minha crença em uma inteligência superior que criou o cosmos e suas leis, e fez nascer a vida neste planeta Terra”, afirma, já no epílogo. “Estudar o homem é um privilégio, que fez crescer ainda mais minha fé em Deus e ter esperança na humanidade”.
Na manhã do dia 23 de abril, Lobo fará uma breve conferência no auditório externo da Fiocruz Brasília. Logo em seguida, será realizado o coquetel de lançamento do livro, com distribuição de exemplares e sessão de autógrafos, no Espaço Café, Ciência e Cultura, também na Fiocruz Brasília.